Os ciclos econômicos geralmente interferem no mercado de trabalho, ora beneficiando com abundância de oferta de postos de trabalho e consequente aumento dos rendimentos, ora prejudicando ao reduzir o número de vagas disponíveis e sua respectiva renda. O atual panorama nos remete à segunda situação. As empresas estão reduzindo o quadro de funcionários como alternativa para estancar custos, o que tem pressionado a taxa de desemprego para níveis alarmantes.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada hoje pelo IBGE, a taxa de desemprego no trimestre móvel encerrado em agosto subiu para 8,7%. Na comparação contra o mesmo trimestre encerrado em agosto de 2014, a taxa de desocupação era de 6,9%. O rendimento real do trimestre móvel (junho a agosto) registrou R$1.882. Em relação ao mesmo período do ano anterior, houve variação de +1,0%, percentual classificado como estável pelo IBGE e que deverá ser negativo nos próximos meses, segundo as expectativas do mercado.

O diferencial do atual contexto econômico é a velocidade com que o desemprego tem aumentado. A última apuração da taxa de desemprego medida pela PNAD está no nível mais alto da série histórica iniciada em 2012. Para fins de comparação, o percentual que mais se aproximou deste recorde foi registrado no trimestre móvel encerrado em março de 2013, quando alcançou 8,0%. Fazendo uma comparação com a Pesquisa Mensal de Emprego (outra pesquisa sobre mercado de trabalho do IBGE, que se restringe à análise de 6 regiões metropolitanas do país, mas que contempla um horizonte de tempo mais amplo), a última vez que o desemprego esteve em patamar próximo ao registrado em setembro de 2015 (7,6%) foi em abril de 2010 (quando registrou 7,3%).

Ou seja, em apenas 8 meses o mercado de trabalho retornou ao mesmo nível de 5 anos atrás. Enquanto a crise econômica que assola o país ainda parece bem longe de um ponto final, para 2016 já podemos ter uma certeza: independente das pesquisas e suas metodologias, já podemos embutir nas expectativas macroeconômicas níveis de desemprego de 2 dígitos.