Tradicional pesquisa realizada pela Boa Vista Serviços aponta as principais características do consumidor que está inadimplente.

A Pesquisa sobre o perfil do inadimplente é realizada trimestralmente pela Boa Vista Serviços, administradora do SCPC, junto a consumidores que procuram o balcão de atendimento do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). A pesquisa traça o perfil do inadimplente observando as causas da inadimplência, as formas de pagamento utilizadas, a intenção de pagamento e o nível de endividamento. A pesquisa foi realizada no mês de dezembro, ouvindo cerca de 1.110 consumidores. Os resultados são apresentados juntamente com o histórico recente da pesquisa.

Meios de pagamento e causas da inadimplência

A pesquisa realizada em dezembro de 2012 mostra que 28% das pessoas declaram ter alguma restrição gerada por uma compra realizada com cartão de crédito. Em seguida temos carnê/boleto (26%), cheque sem fundos (18%), empréstimo pessoal (16%), cartão de loja (8%) e cheque especial (4%).

Nas faixas de renda familiar de até 3 salários mínimos a porcentagem de consumidores que declaram o cartão de crédito como causador da restrição atinge 29% e 20% nas faixas acima de 10 salários mínimos, uma diferença maior quando comparada ao trimestre anterior, quando representavam 30% e 27% respectivamente.

Para 21% dos entrevistados uma das dívidas não pagas originou-se da aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos. 16% citam a compra de produtos ou serviços relacionados à alimentação como os causadores das dívidas, 16% também citam a compra de vestuário e calçados e para 10% a origem foi do não pagamento de contas de concessionárias de serviços públicos. Nas faixas de renda acima de 10 salários mínimos a aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos (22%) e a compra de vestuário e calçados (16%) lideram as citações, enquanto que para a faixa de renda de até 3 salários mínimos a aquisição de móveis, eletrodomésticos e eletrônicos (19%) e a compra de produtos ou serviços relacionados a alimentação (18%) são as líderes.

O desemprego continua sendo a maior causa da inadimplência, segundo os entrevistados, representando 36% dos casos. O descontrole financeiro voltou a subir e passou de 23% para 26%. Em terceiro lugar temos o empréstimo do nome a terceiros (9%). O desemprego é a causa mais preponderante nas faixas de renda familiar de até 3 salários mínimos (45%) e para as faixas entre 3 e 10 salários mínimos (32%). Para as faixas acima de 10 salários mínimos o descontrole financeiro aparece como a principal causa (27%).

Metade dos inadimplentes declara possuir uma conta em atraso que causou a restrição, 32% declaram possuir entre 2 ou 3 contas e 18% possuem 4 contas ou mais. A maioria (32%) das dívidas não pagas está abaixo de R$500,00, mas 17% possuem dívidas abertas acima de R$5.000,00. 19% entre R$500,01 e R$1.000,00 e 15% entre 1.000,01 e 2.000,00.

 

Condições de pagamento e endividamento

4% dos inadimplentes declaram que não terão condições de pagar suas contas em atraso, contra 9% no trimestre anterior. Dos outros 96% dos consumidores que possuem restrição e esperam ter condições de pagar a dívida, total ou parcialmente, 36% deles pretendem pagar à vista e 64% de maneira parcelada. Destes que esperam negociar as parcelas, 80% pretendem pagar dentro dos próximos 30 dias, 17% entre 30 e 90 dias, e 3% negociaram prazos superiores a 90 dias.

Quando perguntados sobre o nível de endividamento e o comprometimento da renda das famílias com o pagamento das dívidas, 25% dos consumidores inadimplentes se declaram muito endividados, 28% acreditam estar mais ou menos endividados e 34% se declaram pouco endividados. Em setembro de 2012 eram menos consumidores muito endividados (22%).

Quanto à parcela da renda comprometida com dívidas (somando todas as dívidas, com restrição ou não) 16% declaram que mais da metade da renda familiar mensal está comprometida com o pagamento de dívidas. Esse número era de 24% em setembro de 2012. 51% declaram que até 25% da renda está comprometida com o pagamento de dívidas e 33% declaram ter entre 25% e metade da renda familiar comprometida.

 

Situação atual e expectativas

Diminuiu o percentual de inadimplentes que declaram que as dívidas de hoje aumentaram quando comparadas com as do ano anterior. 28% dos entrevistados declaram que as dívidas aumentaram, esses percentuais eram de 38% em junho e de 31% em setembro de 2012. Para 40% diminuíram as dívidas, mesmo percentual de setembro.

Aumentou a proporção de inadimplentes que julga que a sua situação financeira é melhor hoje do que no ano anterior, em junho de 2012 eram 37%, em setembro esse número aumentou para 56% e passou para 64% em dezembro de 2012. A proporção dos que acreditam que a situação está pior caiu de 18% para 13%.

Também aumentou a porcentagem dos inadimplentes que acredita que a situação financeira estará melhor no próximo ano (92%), contra 73% em junho de 2012 e 90% em setembro, refletindo um aumento no otimismo do consumidor.