Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

A agência de classificação de risco Moody’s reafirmou a nota de crédito do Brasil em Baa2 e reduziu de estável para negativa a perspectiva do rating. A revisão da perspectiva da nota funciona como um aviso de que a nota poderá ser rebaixada. A agência atribuiu a piora da avaliação à persistência do baixo crescimento da economia nos últimos quatro anos e à redução dos superávits primários. A agência também argumenta que a crise internacional não é responsável pelo baixo crescimento ao indicar que a desaceleração é decorrente de “fatores idiossincráticos que, em grande medida, refletem fraquezas domésticas.” No ano passado a S&P, outra agência de rating, já havia colocado o Brasil em perspectiva negativa e rebaixou o rating do Brasil este ano para BBB-.

Normalmente o período para uma revisão da nota após a perspectiva ter sido alterada é em torno de 12 meses. A mudança de perspectiva, no entanto, tende a encarecer o custo da dívida pública e das empresas. Embora o argumento de um PIB baixo possa ser usado como justificativa para a perspectiva negativa, a verdade é que a nota Baa2 dessa agência de classificação não parece adequada. As despesas correntes crescendo acima do PIB, o perfil da dívida pública, a existência de precatórios, a taxa de investimentos abaixo do desejável, o déficit em transações correntes em 3,6% do PIB e a alta e complexa carga tributária no Brasil são alguns dos fatores que não são compatíveis com uma nota de risco considerada como “grau de investimento” BBB.