Po Flávio Calife

A queda na concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas não está ajudando na redução da inadimplência, e o problema continua sendo bem maior para as empresas. Dados de hoje do Banco Central mostram que as concessões de crédito em 12 meses recuaram 2,5% para as famílias e 0,5% para as empresas. Linhas como capital de giro sofreram redução de 12,8%. Para as famílias, o crédito para aquisição de veículos caiu 18% e até as concessões para o crédito consignado recuaram cerca de 17%.

Apesar da explicação para boa parte desses resultados ser a fraca demanda, as taxas de juros finais batem recordes e continuam em trajetória de alta, puxadas pela elevação dos spreads, já que as taxas de captação estão caindo. O aumento dos spreads pode ser explicado em parte pelo aumento do risco do sistema financeiro, representado pela inadimplência e pelos atrasos nos pagamentos.

A taxa de inadimplência para as famílias está estável há três meses. Já para as empresas, só se estabilizou no último mês. No caso dos atrasos de 15 a 90 dias, os resultados são extremamente diferentes. Enquanto os atrasos das famílias recuaram ao longo de 2015 e estão estáveis em 5,4%, os atrasos das empresas não param de subir, em dezembro de 2015 eram de 3,2% e já atingem 4% em fevereiro de 2016. Assim, mesmo com a estabilidade apresentada em fevereiro, as taxas de inadimplência correm um risco grande de subir no curto prazo, principalmente para as empresas.

Dado o cenário esperado para 2016, com consumidores cautelosos e avessos ao crédito e com empresas lutando para incrementar receitas e reduzir custos, a expectativa é que as empresas contribuam com força muito maior para o crescimento da inadimplência e consequentemente, dos riscos do sistema financeiro.