As expectativas exercem um papel fundamental sobre os indicadores de atividade e podem ser essenciais na determinação dos níveis de confiança dos agentes econômicos. A confiança, por sua vez, é decisiva na retomada dos investimentos e dos níveis de consumo.

Quando olhamos as expectativas para a economia em 2015 o cenário não é nada animador. Inflação acima dos 8%, juros em elevação, PIB e produção industrial em retração e superávit primário esperado de 0,8% do PIB, longe da meta imaginária de 1,2% divulgada em janeiro. Isso explica o baixo desempenho do comércio e o recuo dos investimentos.

Se esse cenário de curto prazo é desalentador, o cenário esperado para o médio prazo vem melhorando a cada semana. Para 2016, os analistas esperam recuo expressivo para a inflação, que ficaria ainda acima da meta de 4,5%, mas se acomodaria em 5,5%. E a boa notícia é que essa queda deve vir acompanhada de um menor aperto monetário. A taxa Selic que deve fechar o ano perto dos 14%, em 2016 deve ficar abaixo dos 12%. Isso será possível pois o Banco Central recuperou parte de sua credibilidade com uma política monetária mais hawkish, os preços administrados pressionarão menos o índice e a ainda fraca economia americana não permitirá aumentos nos juros por lá tão rapidamente.

Até mesmo as expectativas para as contas públicas melhoram bem em 2016, com superávits previstos em 1,7%. A combinação dessas variáveis possibilitaria o crescimento do PIB após dois anos de estagnação e retração. Não há dúvida de que o cenário esperado para 2016 é bem melhor do que o atual. Se as expectativas dos agentes começarem a se consolidar, os efeitos serão sentidos sobre a confiança de consumidores e empresas e a retomada de um ciclo de crescimento e estabilidade pode estar mais próxima do que esperávamos.