As vendas do comércio abriram o ano em alta de 0,8% na comparação mensal de janeiro contra dezembro, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE. Os destaques do mês ficaram com os setores de “Materiais para escritório”, que subiu 12,3%, “Móveis e Eletrodomésticos”, com alta de 2,4%, e Tecidos, Vestuário e Calçados (1,3%). O resultado acontece após uma queda de 2,6% nas vendas do mês anterior, quando observamos um recuo generalizado em todas as categorias.

Apesar da alta no mês de janeiro, os valores acumulados mostram que o movimento do comércio mantém sua trajetória de desaceleração. O setor varejista fechou 2014 com um crescimento de 2,2% e agora aponta uma alta de 1,8% na variação acumulada em 12 meses. O comércio varejista tem sido um dos grandes símbolos da ascensão de uma nova classe média no mercado de consumo, com amplo acesso ao mercado de crédito. O crescimento médio do varejo entre 2004 e 2012 foi de 8% ao ano, sendo 2005 o pior ano neste intervalo, ao apresentar alta de 4,8%. Já nos últimos dois anos, o crescimento recuou bastante. Em 2013 o setor cresceu 4,3% e em 2014 apenas 2,2%.

O enfraquecimento da atividade do varejo coincide com a queda de confiança do consumidor, que viu seu poder de compra diminuir com a elevação dos preços e com o menor ritmo de crescimento de sua renda. O humor ainda piora com as maiores restrições ao crédito e com o aumento dos juros.

Para 2015, o cenário de incertezas continua. O setor continuará a lidar com alto nível de elevação dos preços, pressionados ainda mais pela escalada do dólar. As perspectivas para o mercado de trabalho também não são das melhores. Certamente conviveremos com a elevação do desemprego e a desaceleração dos rendimentos reais, reduzindo a capacidade de consumo. O movimento do comércio dificilmente reverterá sua tendência de desaceleração tão rapidamente.