O Banco Central divulgou hoje o Relatório de Inflação referente ao 2º trimestre do ano. Dentre os destaques, as expectativas em relação à Atividade e ao Crédito foram revisadas para cima.

 

Atividade

 

Em relação à Atividade, o Banco Central destacou que, após o período mais dramático da crise provocada pela pandemia e, consequentemente, da abrupta queda registrada nos indicadores econômicos no trimestre anterior, os dados apontam para uma retomada mais rápida, ainda que parcial entre os setores.

 

A projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020 diminuiu de -6,4% para -5,0% em função dos efeitos que são esperados sobre a economia das iniciativas do governo no combate aos impactos provocados pela pandemia e pela retomada gradual das atividades após o relaxamento das medidas de isolamento social. Em 2021, por sua vez, espera-se um crescimento de 3,9% com base na continuidade das reformas estruturais e da manutenção do regime fiscal, além de avanços no combate ao Covid-19.

 

Crédito

 

As concessões de crédito com ajuste sazonal apresentaram queda de 9,4% no trimestre encerrado em julho, com recuos na pessoa jurídica e física.

 

O Custo de Crédito (ICC) de toda a carteira de empréstimos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu a mínima histórica de 18,3% a.a. em julho após redução de 1,5 p.p. no trimestre.

 

A taxa média de juros do SFN recuou 2,4 p.p. ante a taxa apurada em abril, atingindo 19,1% em julho, o que representa a menor taxa desde o início da série histórica em março de 2011. Considerando os recursos livres, a taxa média de juros caiu 4,8 p.p. para pessoas físicas e 3,4 p.p. para pessoas jurídicas.

 

A taxa de inadimplência acima de 90 dias recuou 0,5 p.p. no trimestre encerrado em julho, atingindo o nível de 2,8%, menor patamar desde março de 2015. A redução (0,4 p.p. para as empresas e de 0,6 p.p. para as famílias) foi influenciada pelas renegociações e postergações em diversas modalidades durante a pandemia.

 

Com relação ao saldo das operações de crédito, houve crescimento de 2,2% no trimestre findado em julho. Com variações de 3,2% na carteira de pessoas jurídicas e de 1,5% para pessoas físicas.

 

O efeito da redução das medidas restritivas contra o Covid-19 também contribuiu para uma melhora nas expectativas do mercado de crédito. O relatório de março previa uma expansão do saldo de crédito em 2020 de 7,6%, enquanto no relatório atual a projeção passou para 11,5% (evolução influenciada, em especial, pelo segmento de pessoa jurídica).

 

Para as pessoas físicas, as estimativas do saldo de crédito para 2020 passaram de 5,8% para 7,8% entre a projeção anterior e a atual. Considerando os empréstimos com recursos livres, não houve mudança na expectativa de crescimento, mantendo-se a projeção anterior de 6,5%. Por outro lado, considerando os recursos direcionados, a divulgação atual estima elevação de 9,5% ante 5,0%.

Com relação as pessoas jurídicas, em março a previsão era de evolução de 10,0% no estoque de crédito em 2020, agora a expectativa é de crescimento em 16,5%. Com recursos livres as projeções passaram de 15,6% para 20,0%, enquanto nos recursos direcionados a reavaliação passou de 1,0% em março para 11,0% na consideração atual.

 

A seguir o quadro com as expectativas do saldo de crédito para 2020:

 

    Var % em 12 meses
  Mar/20 Set/20
Total 7,6 11,5
     
    Livres 10,6 12,5
        PF 6,5 6,5
        PJ 15,6 20,0
   Direcionados 3,5 10,1
       PF 5,0 9,5
       PJ 1,0 11,0
 Total PF 5,8 7,8
 Total PJ 10,0 16,5

 

Segundo os dados da Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito (PTC) realizada em julho junto as instituições financeiras, foi observado que no segundo trimestre houve piora significativa no movimento do crédito para pessoa física – Consumo. Para os demais setores, houve estabilidade na taxa de aprovação.

 

No entanto, para este trimestre, nota-se uma melhora significante nestes números. Para pessoa jurídica, a demanda por crédito para capital de giro se manteve forte, embora tenha sido observado recuo na demanda para investimentos. Para pessoa física também houve melhora na avaliação em função das alterações nos prazos e das taxas de juros mais baixas.