Com a divulgação dos resultados das Lojas Renner para o 2º trimestre de 2020, as cinco grandes varejistas no segmento de vestuário (junto com Riachuelo, Marisa, Hering e Soma) apresentaram números que deixam claro os estragos causados pela pandemia sobre as vendas e inadimplência, que caminhou no sentido oposto ao indicado pelo Banco Central para o sistema financeiro.

Enquanto os dados do Banco Central apontam uma leve redução da inadimplência, nestas empresas foram observadas altas no percentual inadimplente sobre a carteira de crédito e na provisão para devedores duvidosos (o que pode indicar que um número pior ainda está por vir) e uma redução na carteira de crédito das mesmas.

As vendas sofreram brusca queda nas cinco empresas e, como já era esperado, o impacto das medidas de isolamento social sobre os resultados do 2º trimestre foram muito maiores em comparação com o 1º trimestre em razão do tempo que elas perduraram em cada um dos períodos.

A tabela abaixo resume os dados de vendas e crédito destas empresas (nota: alguns dados do Grupo Soma ainda não estão disponíveis em função da abertura de capital recente):

 

Ao contrário do que foi verificado nos grandes bancos, que renegociaram os prazos e condições com seus clientes e, por conseguinte, empurraram o impacto da pandemia sobre a inadimplência para o futuro, estas empresas sofreram com isso já no primeiro momento. Isso serve de alerta para aquilo que pode acontecer nos próximos trimestres, como ressaltaram, também, os presidentes dos grandes bancos quando perguntados sobre essa questão após a divulgação de seus respectivos balanços.

Enquanto outros setores varejistas compensaram a redução das vendas nas lojas físicas com as vendas online (como será apresentado a seguir), os varejistas do setor de vestuário não tiveram a mesma capacidade de substituição das vendas, até por conta do tipo de produto comercializado.

Com o comércio nas lojas físicas já praticamente regularizado em todo o país, os próximos trimestres mostrarão a capacidade de retomada das vendas dessas empresas.

Por outro lado, as empresas de varejo de móveis e eletrodomésticos turbinaram as vendas online e ganharam força durante a pandemia.

Os dados de empresas que trabalham tanto com lojas físicas quanto varejo online mostram que este segmento, que já era por muitos apontado como uma tendência irreversível, ganhou força e antecipou diversas etapas do processo devido à pandemia. Os números da Magalu e da Via Varejo, por exemplo, deixam isso muito claro.

As vendas online foram responsáveis por reverter a queda observada nas vendas das lojas físicas, uma vez que os produtos desse setor já possuem uma maior penetração no varejo online em datas como a Black Friday, por exemplo, e com plataformas digitais bem mais desenvolvidas. Além disso, em termos de inadimplência, os números são bem melhores do que aqueles apresentados anteriormente. Vale ressaltar, ainda, que a inadimplência da Via Varejo já mostrava sinais de recuo no mês de julho, caindo para um nível de aproximadamente 9,0% de acordo com os próprios dados da empresa.