Por Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores

O Banco Central reviu suas projeções de PIB e inflação e os novos números assustam ainda mais os decepcionados investidores que compravam a história de 2013 como ano de sucesso econômico e recuperação no Brasil e no exterior. A projeção do PIB veio para 2,7% de crescimento este ano. Este número se alinha com a estimativa feita pela RC Consultores desde o final do ano passado, quando alertávamos os leitores de que 2013 não seria nenhuma maravilha. A RC está neste momento revendo para baixo sua projeção de 2,7%. Na inflação, o BC reajustou para cima a projeção de IPCA para o fim deste ano: agora em 6%, contra 5,8% anteriormente. Mas o grave é o BC haver ajustado para cima suas projeções para 2014 e 2015, ambas na faixa de 5.5%, ou seja, a ideia de uma inflação resistente à baixa.

A opinião embutida na estimativa do BC costuma fazer a cabeça do mercado. Quando o BC afirma que até 2015 há uma boa chance de a inflação seguir bem acima do centro da meta de inflação, que é de 4,5%, essa projeção vem carregada de uma sincera confissão de impotência frente às resistências inflacionárias que o BC enxerga no horizonte. Também representa uma espécie de convite para os agentes econômicos só pensarem em reajustes monetários acima de 5% ao ano. Com mais inflação estrutural e um PIB ancorado em cerca de 2% - e o povo nas ruas reclamando – o Brasil rapidamente se transveste de “queridinho dos investidores” a um “lugar assombrado e perigoso”.

Ed.216