Por Marcel Caparoz, da RC Consultores

Como já era esperado pelo mercado, o BC decidiu, por unanimidade na noite de ontem, a manutenção da taxa básica de juros no patamar de 11% a.a., encerrado o atual ciclo de alta que teve início há praticamente um ano atrás, com a alta de 0,25% da taxa na reunião de Abril de 2013, para um nível de 7,5% a.a. A decisão do BC, conforme comunicado, foi fundamentada pela “evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”.

Após um período de juros baixos na casa de 7,25% a.a., viabilizado pelo represamento dos preços monitorados pelo governo, o Brasil voltou a amargar a triste realidade das taxas de dois dígitos. O combate à inflação, que em abril do ano passado estava em 6,5% a.a., exigiu uma ação contundente do BC. E ela veio. Mas o efeito atual da política monetária sobre os preços pode ter se esgotado. A inflação de serviços, que tem se mantido no patamar de 8,5% a.a. nos últimos anos, tem muito mais relação com as condições do mercado de trabalho do que com o nível da taxa de juros. Além disso, os preços dos alimentos, que representam cerca de 25% do peso da inflação, não são determinados pelo custo de crédito, mas sim pelas condições de oferta e demanda do mercado. Assim, resta ao BC controlar de maneira indireta a inflação dos Bens, sejam eles duráveis ou não, dado a alta influência destes com a taxa de juros. Em abril de 2014, a inflação acumulada em 12 meses foi de 6,3%. Já a inflação dos preços monitorados, que chegou à incrível marca de 0,94% a.a. em novembro de 2013, alcançou em abril de 2014 patamar de 3,8% a.a. A pressão pelo reajuste destes preços represados pelo Governo é cada vez maior (ônibus urbano, gasolina, energia elétrica, etc.). Esta pressão inflacionária não está sob controle do BC.