Por Yan Cattani, da área de Indicadores e Estudos Econômicos da Boa Vista SCPC

A Petrobras finalmente anunciou a renúncia de sua principal executiva Graça Foster. Além disso, praticamente toda a diretoria executiva da empresa deverá ser alterada: 5 dos 6 atuais diretores deixaram também a empresa. José Eduardo Dutra foi o único que não assinou a renúncia, pois encontra-se afastado por motivos de saúde. Sua eventual saída é dada como certa.

A expectativa pela troca da diretoria já havia sendo especulada desde o fim do mês passado, após o episódio da entrega do balanço (referente ao terceiro trimestre de 2014) sem as devidas estimativas de perdas por desvio de dinheiro dentro da empresa. Desde o ano passado a deterioração do valor de mercado da empresa foi calculada em cerca de 50%, considerando os valores de início de ano da ação preferencial da empresa.

Ainda ontem, quando Graça Foster se reuniu no Planalto com Dilma, questionava-se se a presidente da Petrobras iria de fato renunciar, e caso ocorresse, quem seria o responsável para assumir o cargo da delicada situação. Executivos de alto-escalão geralmente não titubeiam um convite deste porte, contudo, o prestígio atual está bastante desgastado, sendo difícil, inclusive, realizar uma sondagem dos presidenciáveis para a estatal. Ademais, alguns juristas apontam o risco de implicação criminal, além do eventual comprometimento do patrimônio desses futuros executivos. Se um nome já é difícil de ser indicado, somando os outros diretores, o quadro complica-se ainda mais.

De qualquer maneira, a troca do comando da petrolífera logo no início de fevereiro passa um sinal positivo ao mercado. Independente da escolha, sabe-se que no próximo balanço deverão constar as baixas contábeis, pois caso contrário, as empresas credoras da Petrobras poderão antecipar seus recebíveis, amargando ainda mais os prejuízos. Até lá são praticamente dois meses, e espera-se que seja tempo hábil para tirar os holofotes dos escândalos e dar uma guinada em direção ao principal negócio da empresa, o petróleo.