Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

Os rendimentos dos títulos soberanos na zona do euro abriram hoje com pressão baixista. As yields dos títulos soberanos da Espanha, Itália, Portugal, França e Holanda atingiram mínimas históricas nas negociações das dívidas nos mercados internacionais. A possibilidade de o BCE adotar o programa de aquisição de dívida soberana está por trás dessas quedas. E essa possibilidade decorre da não reação da economia na zona do euro.

Mas não é somente a economia europeia que não reage. Na semana passada, a China cortou, de modo inesperado, as taxas de juros para impulsionar o crescimento chinês, que caminha de forma lenta, com a atividade industrial desacelerando e o mercado imobiliário, há muito um pilar de crescimento, fraco. O Banco Central japonês também tomou iniciativa ante as dificuldades da economia japonesa crescer, aumentando seu programa de compra de ativos, que totalizará agora 80 trilhões de ienes, ou US$ 720 bilhões. A economia americana é a que apresenta melhores condições de crescimento para o próximo ano, permitindo que o FED comece a subida das taxas de juros. Nesse cenário, países emergentes como o Brasil sofrerão impactos importantes: os preços das commodities continuarão a cair, as moedas tendem a sofrer desvalorização e as taxas de juros nos mercados monetários terão um viés de alta. Esse é o cenário para 2015. Com a presença de dois déficits simultâneos no país, o interno (fiscal) e o externo (conta corrente), o Brasil não terá vida fácil.