Por José Valter Martins de Almeida, da RC Consultores

A União Europeia oficializou hoje o congelamento e recuperação de ativos de pessoas identificadas como responsáveis pelos desvios públicos ucranianos e por violações de direitos humanos. Notícias desta manhã dão conta que tropas russas começam a abandonar algumas bases militares na Crimeia, mas estão destruindo parte do equipamento militar ucraniano.

A crise da Crimeia é a primeira nuvem negra do ano de 2014. A discussão é responder à pergunta milionária: o risco político vai disparar e o contágio nos mercados financeiros vai se alastrar, ou a turbulência político-militar na região vai ser limitada e o impacto econômico-financeiro será moderado? Esta crise política vem somar-se à instabilidade nas economias emergentes e ao risco de deflação na zona do euro. Não é, ainda, uma tempestade perfeita, mas pode ser o suficiente para uma enorme turbulência. Enquanto nos entretínhamos vendo o Carnaval, o efeito da crise da Crimeia nas primeiras sessões de março em diversos mercados financeiros era de muito nervosismo. A bolsa de Moscou viveu um crash, com o índice recuando 10,8%. O rublo registrou mínimo face ao euro e ao dólar. O ouro subiu 2,2%, as Bunds alemãs caíram para 1,56% e as Treasuries americanas de 10 anos recuaram para 2,6%. As commodities subiram, o preço do petróleo Brent avançou 1,75% e o trigo 4,9%. Passado o Carnaval, os esforços diplomáticos dos últimos dias para resolver a crise na Ucrânia estão dando sustentação à reversão das expectativas. As bolsas globais sobem, o valor das commodities, sobretudo milho e trigo, estão sendo corrigidas das disparadas das últimas sessões. Também hoje o BCE deixou inalterada a taxa de juro básica em 0,25% pelo quarto mês consecutivo. Por seu turno, o Comitê de Política Monetária britânico optou por manter, pelo sexto mês consecutivo, a taxa básica de juros em 0,5%. Ainda é cedo para comemorar o aliviar das tensões da primeira nuvem negra de 2014.

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